“De tanto medo de perder ela, eu tirei ela de mim”: o feminicídio como expressão da violência machista.
Feminicídio; Patriarcado; Machismo; Opressão; Dominação.
O projeto ora apresentado visa analisar os casos de feminicídios motivados pelo ciúme no Estado do Rio Grande do Norte (RN). Buscaremos em nossas reflexões, estabelecer a relação entre patriarcado, machismo e feminicídio na cena contemporânea do capitalismo, entendendo que as relações sociais vigentes são estruturadas em um sistema que articula opressão, dominação e exploração do trabalho, baseadas no sexo, na raça e que tem como principais vítimas, as mulheres trabalhadoras. O Brasil ocupa o quinto lugar no ranking internacional dentre os países em que mais são cometidos feminicídios, com uma média diária de treze mortes de mulheres, segundo o Mapa da Violência (2015). O RN é o estado que mais mata mulheres no Brasil, segundo o Atlas da Violência (2018), com um aumento de 138,1% dos casos nos últimos anos. Defendemos que se deve refletir sobre o feminicídio como resultado ou produto das relações sociais vigentes, ou seja, na consubstancialidade das relações sociais de sexo, raça e classe, que se estruturam a favor da produção e reprodução social desta sociabilidade. Nesse sentido, o feminicídio é o momento final ou o mais alto grau da violência praticado contra as mulheres. Diante disso, parte-se da seguinte questão norteadora: quais as especificidades do patriarcado na sociedade potiguar que se materializa em números alarmantes de feminicídios? A partir de tal indagação, nos inquieta saber qual a explicação que podemos apresentar para o aumento da violência machista e o aumento dos casos de feminicídio no Brasil e, particularmente, no RN; por qual razão se dá o aumento do número de feminicídios, mesmo com a existência de legislações que punem os agressores; e, quem são as potiguares que morreram em decorrência deste tipo específico de violência nos últimos anos, cuja motivação alegada do crime fora o ciúme de seu agressor. Nossa pesquisa é caracterizada como bibliográfica-documental e possui pelo menos quatro momentos: levantamento bibliográfico do tema abordado; a coleta e levantamento de dados nas fontes secundárias como o Atlas da Violência, o Mapa da Violência e os dados primários nos casos noticiados pelo Jornal Tribuna do Norte no ano de 2016; identificação daqueles que se tornaram processos criminais; e, por fim, a análise dos dados. A análise dos dados dar-se-á sob a forma da análise documental e o método que orienta nossas análises é método histórico-dialético. Deste modo, nossa pesquisa mostra-se como relevante, não apenas pelo número de casos registrados no RN, mas também pelo que representa essa discussão para o Serviço Social, para a Academia, para os Movimentos Feministas e de Mulheres, enfim, para o conjunto de mulheres da classe trabalhadora.