Avaliação comportamental e neuroquímica de ratos sob o protocolo de dessincronização forçada: possíveis implicações para um modelo animal de oscilações no humor.
modelo animal; transtorno bipolar; ritimo circadiano.
O Transtorno Bipolar está se tornando mais frequente entre os indivíduos. É uma doença com alta taxa de mortalidade e tem sido responsável pelo afastamento social dos pacientes que a possui. Os indivíduos que possuem este transtorno apresentam alterações no sistema de temporização circadiano, mostrando deslocamento de fase em diversas variáveis fisiológicas. Muitos argumentos demonstram que alterações nos ritmos circadianos podem ser parte da fisiopatologia do transtorno bipolar. Dada a necessidade de maior elucidação sobre a fisiopatologia da doença, o objetivo deste trabalho foi a validação do protocolo de dessincronização forçada como modelo animal para o transtorno bipolar. Para isso, submetemos ratos Wistar ao protocolo de dessincronização forçada que consiste num ciclo de claro/escuro simétrico de 22h. Sob este protocolo, os ratos dissociam o ritmo da atividade locomotora em dois componentes rítmicos: um sincronizado ao ciclo claro/escuro imposto de 22h; e outro componente com período maior que 24h que segue o período endógeno do animal. Como esses ritmos possuem períodos diferentes acabam coincidindo em alguns momentos, o que nomeamos de CAP (do inglês coincidence active phase) e a fase oposta, de não coincidência, chamamos de NCAP (do inglês non-concidence active phase). A hipótese é que em CAP os animais apresentassem um comportamento semelhante aos indivíduos bipolares em estado de mania e os animais em NCAP, sintomas semelhantes aos indivíduos na fase depressiva. Encontramos algumas evidências que estão descritas detalhadamente ao longo desta tese. Em resumo, os animais em CAP apresentaram aumento na atividade locomotora, principalmente na fase escura quando comparados aos controles (ratos sob T24) e um comportamento menos depressivo no teste do nado forçado. Os animais em NCAP apresentaram a mesma quantidade de atividade que os controles, porém com um perfil de distribuição inverso aos outros grupos e também apresentaram maior ansiedade no teste do labirinto em cruz elevado. Os animais dissociados, ambos os grupos CAP e NCAP, apresentaram aumento de comportamentos estereotipados como o grooming e redução em outros comportamentos como avaliação de risco e exploração vertical quando comparados ao grupo controle. Não foi possível concluir os testes farmacológicos, pois os animais ficaram muito debilitados e o experimento foi interrompido por questões éticas. Tomando esses dados em conjunto, pudemos concluir que o protocolo de dessincronização forçada altera o estado afetivo dos animais, contudo ainda não foi possível validar este protocolo como modelo experimental para o transtorno bipolar.