Criar o próprio jogo didático ou apenas jogar? Efeitos de diferentes estratégias de ensino na motivação e aprendizado de ciências.
Estratégias de ensino; ambiente de aprendizagem; ensino de ciências; jogos didáticos; jogos não eletrônicos.
A utilização de jogos como ferramenta pedagógica é bastante comum, entretanto a efetividade dos jogos com propósitos educacionais ainda é pouco conhecida. Neste estudo, três diferentes estratégias de ensino de baixo custo – criar o próprio jogo de tabuleiro, utilizar um jogo já existente e confeccionar um cartaz – foram avaliadas quanto a: (1) aprendizado de ciências; (2) uso de estratégias de aprendizado profundo (EAP); e (3) motivação intrínseca. Testamos a hipótese de que, nos três parâmetros avaliados, os escores seriam maiores no grupo que construiu o próprio jogo, seguido, respectivamente, pelo grupo que apenas jogou e pelo que construiu o cartaz. A pesquisa envolveu 214 estudantes do 5º ano do Ensino Fundamental I, de seis escolas públicas de Natal/RN. Um grupo de estudantes criou e jogou o próprio jogo didático (N = 68), um segundo grupo utilizou um jogo já existente (N = 75), e um terceiro grupo confeccionou um cartaz para ser exposto na escola (N = 71). Nossa hipótese foi parcialmente confirmada, uma vez que não houve diferença significativa no desempenho e no uso de EAP entre o grupo que criou o próprio jogo e o grupo que apenas jogou; entretanto, ambos os grupos tiveram escores significativamente maiores em desempenho em ciências e uso de EAP do que o grupo que confeccionou o cartaz. Não houve diferença significativa nos escores de motivação intrínseca entre os três grupos experimentais. Nossos resultados indicam que atividades relacionadas a jogos não digitais podem fornecer um contexto favorável à aprendizagem no ambiente escolar. Concluímos que o uso de jogos para fins pedagógicos (tanto criar o próprio jogo como apenas jogar) é uma alternativa eficiente e viável para o ensino de ciências na escola pública brasileira.