ARTICULAÇÕES ENTRE DOCENTES DO ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO E DA SALA DE AULA NOS ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL: TECENDO REDES DE DIÁLOGO E COLABORAÇÃO
Inclusão Escolar. Docência. Atendimento Educacional Especializado. Anos Finais do Ensino Fundamental.
A inserção de estudantes com deficiência no Ensino Fundamental, notadamente nos Anos Finais deste nível de ensino, tem gerado novos desafios aos processos de educação especial em uma perspectiva inclusiva. Nesse viés, o professor do Atendimento Educacional Especializado (AEE) pode ser considerado, por um lado, importante no atendimento de demandas individuais dos estudantes com deficiência e, por outro, pode ser um pivô na organização das práticas curriculares inclusivas, superando uma perspectiva de atendimento individualizado em educação especial. O objetivo dessa tese foi analisar, em uma perspectiva dialógica, colaborativa e inclusiva, a articulação entre professores do AEE e da sala de aula nos Anos Finais do Ensino Fundamental de uma escola pública municipal do Natal/RN. Em termos metodológicos, utilizamos uma abordagem qualitativa e seguimos os caminhos de uma pesquisa-ação colaborativa. Tivemos oito colaboradores: um professor do AEE; cinco professores atuantes nos Anos Finais do Ensino Fundamental; uma coordenadora e uma diretora pedagógica. Para fins de construção dos dados, utilizamos: análise documental, observações registradas em dois diários de campo, questionários e entrevistas. As entrevistas foram analisadas e categorizadas à luz de Bardin (1977) e Franco (2003). No aporte teórico, discutimos aspectos conceituais relacionados ao AEE e ao diálogo, à colaboração e articulação entre os profissionais do AEE e da sala de aula e os efeitos dessa relação na escola que se pretende inclusiva. A pesquisa-ação no campo ocorreu com base em dados construídos com os participantes. Quanto à natureza colaborativa, desenvolvemos momentos de planejamentos e estudos coletivos, suscitados pelo professor do AEE, a partir de nossa chegada na escola. Adicionalmente, desenvolvemos um curso de extensão, o qual implicou em momentos de reflexão e diálogo em torno de concepções e práticas inclusivas. Como resultados, evidenciamos que a inserção da pesquisa na escola provocou mudanças nas atitudes dos professores; que reverberou no planejamento e ação de momentos dialógicos e reflexivos sobre a escolarização de estudantes com deficiência. Podemos inferir que houve o surgimento de uma possibilidade de rede colaborativa na escola, ainda que haja a necessidade de maiores investimentos na construção da articulação entre os professores do AEE e da sala de aula com vistas à organização de estratégias inclusivas. Ressaltamos com os participantes, diálogos e reflexões acerca da articulação docente com vistas à realização de planejamentos coletivos, trocas de experiências, compartilhamento de saberes, que pudessem colaborar com o desenvolvimento profissional docente e com o aprimoramento de práticas com estudantes com e sem deficiência. Quanto ao AEE, ressaltamos a necessidade de superação do atendimento individualizado ao estudante com deficiência, geralmente de modo apartado e descontextualizado do todo escolar. Asseveramos, ainda, a importância das redes de diálogos e colaborações entre os professores do AEE e da sala de aula, de modo a tecerem os primeiros caminhos para a construção de uma prática em busca de alternativas para minimizar as barreiras atitudinais e conceituais ainda presentes na escola e que dificultam o processo de escolarização de estudantes com e sem deficiência.