Evolução tectônica do segmento extremo leste da Margem Equatorial Brasileira: contribuição do mapeamento estrutural (onshore) e da modelagem física
Deformação frágil; Margens transformantes; Margem Equatorial; Modelagem Física.
A descoberta nas últimas décadas de províncias de hidrocarbonetos associadas a margem transformante Atlântica Equatorial gerou um crescente interesse em melhor entender a evolução dessa margem, sendo considerada uma nova fronteira exploratória. Os modelos geodinâmicos consolidados na literatura têm suas intepretações predominantemente com base na análise de dados indiretos. No presente trabalho, investigou-se a evolução pré- a sin-desenvolvimento da margem equatorial brasileira (MEB), a partir da aplicação da ferramenta modelagem estrutural física, e da análise multiescalar do registro da deformação frágil presente no embasamento cristalino onshore das bacias Potiguar e Ceará. Os dados da modelagem evidenciam que um regime cinemático dominantemente oblíquo (α = 20º) atuou durante o rifteamento dessa margem, resultando na formação de depocentros oblíquos e pull-apart diacrônicos. No segmento extremo leste da MEB têm-se evidências da superposição de eventos deformacionais frágeis relacionados a pré- e sin-estruturação dessa margem. O evento mais antigo (D1, Tardi-brasiliano) expressa uma transpressão dextral NE-SW intraplaca associado a exumação progressiva da cadeia orogênica brasiliana-panafricana. O evento D2 (Neojurássico ao Aptiano) assinala um paleocampo distensional NW-SE compatível ao atuante durante a formação da Margem Leste brasileira. O evento D3 (Aptiano), início da instalação da proto-margem equatorial, possui uma cinemática transtrativa dextral E-W. O evento mais jovem (D4) exibe um campo distensional E-W e compressional N-S. Esse evento pode ser interpretado como relacionado a rotação e drift entre as placas tectônicas pós-Aptiano. Anisotropias prévias, a exemplo do Lineamento Transbrasiliano (LTB), podem controlar a nucleação e estruturação de bacias sedimentares. O papel desempenhado pelo LTB na estruturação da MEB, entretanto, ainda é pouco entendido. Assim, os dados oriundos da modelagem física indicam que o LTB foi reativado durante o desenvolvimento da MEB, controlando a estruturação, configuração e partição da deformação entre as sub-bacias que compõem a Bacia Ceará.