EVOLUÇÃO DOS PROCESSOS DE CARSTIFICAÇÃO DA FORMAÇÃO JANDAÍRA, BACIA POTIGUAR,A PARTIR DE DADOS OBTIDOS POR LIDAR E VANT
LiDAR, VANT, Geomorfologia Cárstica, Carstificação, Modelos Digitais de Elevação, Formação Jandaíra, Bacia Potiguar.
Este trabalho apresenta os resultados obtidos com duas novas tecnologias que podem ser inseridas no campo das ferramentas de sensoriamento remoto, a saber: modelos digitais de elevação gerados a partir de tecnologia LiDAR (Light Detection And Ranging) aerotransportada e ortofotografias aéreas de alta resolução obtidas através de um veículo aéreo não-tripulado (VANT). Tais ferramentas tornam-se essenciais para a compreensão do Karst Jandaíra, no que diz respeito aos processos relativos ao epicarste, principalmente quanto àqueles associados à dinâmica de dissolução e colapso sobre as camadas carbonáticas. Essa dinâmica é resultante de um macroprocesso em que interagem as características lito-estratigráficas, a tectônica superimposta, bem como o ciclo hidrológico/hidrogeológico e suas oscilações no decorrer do tempo geológico.
Os modelos digitais de elevação gerados pelo processamento da nuvem de pontos obtida com tecnologia laser aerotransportada permitiram a visualização regional do relevo cárstico e sua análise em escala de semi-detalhe. Enquanto que os modelos obtidos com uso do VANT proporcionaram a análise dos processos de dissolução e colapso geradores da carstificação sobre os litotipos da Formação Jandaíra, em escala de detalhe.
Este estudo teve seu foco em dados de superfície e sub-superfície rasa permitindo a caracterização da evolução recente do carste epigênico em quatro estágios. Durante o Estágio 1 os fraturas foram abertas pelo processo de dissolução, as quais formaram caminhos verticais em escala centimétrica à métrica. O conjunto mais abrangente de fraturas concentra a dissolução. Ao longo de camadas horizontais intersectadas pelas fraturas também observa-se dissolução intraestratal e interestratal. Este sistema de canalização forneceu os caminhos para o fluxo de água, gerando avançada lixiviação. A expansão alargamento desses condutos em sub-superfície ocasiona no Estágio 2 a queda de blocos, geração de dolinas e cavernas. Durante o Estágio 3, a propagação da dissolução horizontal e vertical ao longo de fraturas e camadas causam coalescência de dolinas e captura de pequenos riachos que evoluem para vales incisos e canyons, como pode ser observado no Riacho do Livramento, afluente do rio Apodi-Mossoró, descrito na Área III deste estudo. Processos fluviais dominam a dissolução do carste Estágio 4, onde os sedimentos aluviais que recobrem a superfície cárstica carbonática, resultando no preenchimento de cavernas e dolinas ao longo do vale. Observou-se assim que a influência do controle tectônico e do acamamento sedimentar sobre o processo de carstificação ocorre em todas as fases de evolução do carste, resultando nas diversas estruturas e formas de relevo coexistentes durante os diversos estágios descritos. Os dados aqui apresentados corroboram os resultados obtidos em outros estudos utilizando dados de GPR, poços e levantamentos sísmicos, tanto na Bacia Potiguar como em outras bacias sedimentares que evidenciaram que tais estruturas podem ser preservadas após o soterramento.