Sistemas de paleodrenagens da Plataforma Continental Sul da Bahia e suas correlações com o Cânion Submarino Belmonte: novas perspectivas sobre a geomorfologia e a conexão com o canal Pernambuco
Cânion submarino; Banco Royal Charlotte; Rio Jequitinhonha; Canal Pernambuco
A localização geográfica do Brasil em uma zona tropical condicionou alguns rios como agentes de transporte de sedimentos até a plataforma continental e também através dos cânions até as regiões abissais. Na região Nordeste, é possível observar que esses cânions submarinos podem ser responsáveis, pelo transporte mais efetivo dos sedimentos diretamente para zona abissal devido ao estreitamento da plataforma continental se comparado com a região sudeste do país. Na foz do rio Jequitinhonha e Pardo está localizado o cânion submarino Belmonte, nossa área de estudo. Os dados apresentados e integrados nesta tese têm como objetivo a caraterização local e regional do sistema submarino do Cânion Belmonte, desde a plataforma continental até a planície abissal, a qual se conecta com o Canal Pernambuco. Foram utilizados diferentes dados geofísicos, incluindo sísmica de alta resolução do tipo Chirp, Sparker e Delta Sparker, bem como batimétricos mono- e multifeixe. Os resultados obtidos até o momento indicam o prolongamento dos cânions tributários ao norte do Cânion Belmonte; que a posição da desembocadura deste, sugere uma maior contribuição do fluxo hídrico mais a norte da atual foz do rio Jequitinhonha; que paleocanais e afloramentos rochosos apresentam-se alinhados com um mesmo trend na direção noroeste sudeste; e que o prolongamento do paleovale se dá de forma bem definida pelo banco vulcânico Royal Charlotte. A análise morfométrica transversal do Sistema do Cânion Belmonte indicou que este é formado por mais 3 cânions tributários provavelmente ligados ao rio Pardo, e que o padrão predominante do formato em V, é característico de cânions formados em ambientes de alta energia, gerados por sistemas fluviais, que correm através de um embasamento rochoso resistente. Estes estudos possibilitaram a caracterização automatizada dos perfis transversais dos cânions ao longo da Plataforma Continental e espera-se que amplie e complemente questões referentes ao transporte de sedimentos e depósitos nesta área e em outras regiões do Brasil e do mundo.