Inversão simultânea de funções do receptor e curvas de dispersão de alta frequência na bacia do Parnaíba
Inversão simultânea; Função do receptor; Curva de dispersão; Estrutura sedimentar; Bacia do Parnaíba
Analisamos o desempenho da inversão conjunta de funções do receptor (RF) e dispersão de ondas de superfície na caracterização do pacote sedimentar na bacia do Parnaíba, que está localizada no nordeste do Brasil. Essa metodologia é rotineiramente utilizada em estudos de crosta com sísmica passiva para obter variações de velocidade de onda S com a profundidade abaixo de estações sismográficas e raramente tem sido aplicada a conjuntos de dados de alta frequência para investigação da estrutura sedimentar. A bacia do Parnaíba é uma bacia intracratônica composta por 5 supersequências que acumulam até 3,5 km de sedimentos com intercalações de soleiras de diabásio do Cretáceo tardio. O conjunto de dados usado nesta pesquisa foi adquirido entre os anos de 2015 e 2017, através da instalação de 10 estações de período curto e 1 estação de banda larga distribuídas ao longo de um arranjo linear de 100 km no centro da bacia. A implantação das estações foi realizada no âmbito do Parnaíba Basin Analysis Project (PBAP), um projeto multi-institucional e multidisciplinar financiado pela BP Energy do Brasil. Funções do receptor de alta frequência (f < 4,8 Hz) foram calculadas a partir da deconvolução de formas de onda P de eventos telessísmicos e depois rotacionadas em relação ao círculo máximo (sistema ZRT), enquanto que as curvas de dispersão de alta frequência (0.25-2HZ) foram obtidas através do Multiple Filter Analysis de Funções de Green Empíricas (FGEs) obtidas através da correlação cruzada (componente ZZ) e empilhamento (6 meses) de ruído sísmico de ambiente normalizado no domínio do tempo-frequência. Perfis de velocidade de onda S de até 5 km de profundidade foram obtidos por uma abordagem de inversão conjunta linearizada e iterativa que minimiza a diferença quadrática entre observações e predições. Comparações com perfis independentes de reflexão sísmica que se sobrepõem à nossa linha de sísmica passiva revelam que os nossos modelos recuperam com sucesso a espessura do pacote sedimentar e a profundidade da sequência sedimentar Cenozóica. Além disso, observamos em nossos perfis de velocidade de onda S zonas de alta velocidade em profundidades que variam de 1,5 a 2,5 km, que interpretamos como o resultado da presença de soleiras de diabásio do Cretáceo superior que estão intercaladas nas rochas sedimentares da bacia.