FISIOGRAFIA DA MARGEM CONTINENTAL DO RN E INTERAÇÕES COM AS CORRENTES DE CONTORNO DO OESTE
Talude continental; Margem Equatorial; correntes de contorno do oeste; vórtices
As correntes de contorno do oeste (CCOs) afetam a circulação oceânica e o clima global e produzem impacto localizado ao longo de suas interações com as margens de baixas latitudes das bacias oceânicas. Este estudo analisa a resposta da interação entre as CCOs e a margem sul-americana, particularmente no Rio Grande do Norte (RN), com base na fisiografia da margem, medidas de correntes in situ e uma simulação numérica utilizando o modelo ROMS. Os dados de relevo batimétrico foram modelados em ambiente GIS e integrados à simulação das correntes utilizando rotinas em Matlab, posteriormente validados com os dados in situ. Os contornos da simulação hidrodinâmica regional foram alimentados por um dowscalling dinâmico a partir de uma simulação previa das correntes na bacia oceânica. A margem do RN fornece caminho para as CCOs ao longo da borda de suas plataformas leste e norte, que são estreitas (até 40 km da costa) e com talude de alto gradiente topográfico (1:11), separadas pelo Alto de Touros que estende a plataforma em 80 km na direção offshore. Os resultados apontam que a interação da Subcorrente Norte do Brasil (SNB) com o ramo central da Corrente Sul Equatorial (CSE) e com a fisiografia da margem setentrional do RN produz uma região de recirculação das correntes onde vórtices anticiclônicos e meandros se desenvolvem. Esse fenômeno é evidente nos meses de fevereiro e agosto ao norte da plataforma continental do RN. Os vórtices em águas superficiais (profundidades de 20 m) no mês de fevereiro apresentam diâmetros de aproximadamente 50 km e 20 km. E em agosto houve ocorrência de meandros com extensão aproximada de 120 km. Enquanto na profundidade de 70 m observou-se uma retroflexão da corrente nessa mesma região de recirculação. No mês de fevereiro, o fenômeno mostrou velocidades mais intensas com média de 30 cm.s-¹. Em agosto, a corrente mostrou-se quase estacionária, com velocidade média inferior a 10 cm.s-¹. A presença desses eventos oceânicos próximos a borda da plataforma norte do RN podem explicar as diferenças ecológicas e de sedimentação no Holoceno entre as margens leste e norte.