Evolução da zona de fratura Romanche na margem equatorial do Brasil
Atlântico equatorial, nordeste do Brasil, margem transformante, zona de fratura, Romanche.
Margens continentais transformantes são caracterizadas pela presença de falhas transformantes/zonas de fratura de grande deslocamento, que foram investigadas escassamente quando comparadas às margens divergentes e convergentes. Essas falhas influenciaram a segmentação e evolução das margens transformantes. Este estudo investiga a evolução da Zona de Fratura de Romanche (RFZ) na margem equatorial do Brasil, utilizando dados magnéticos, gravitacionais, batimétricos e de sísmica de reflexão. Os resultados da presente investigação indicam que a RFZ é uma zona de trend E-W com ~70 km de extensão, marcada por cadeias de até 2,5 km acima da topografia circundante. As anomalias magnéticas que marcam a crosta oceânica mais antiga estão em um ângulo de 26° e 30° no sentido horário a sul e a norte da zona de fratura, respectivamente, indicando que os primeiros centros de espalhamento foram oblíquos à zona de fratura principal. As anomalias rotacionaram no sentido horário e passaram de oblíquas para ortogonais em relação à transformante na isócrona 34 (83,5 ± 8 My). Esta rotação indica que a influência do limite das crostas continental e oceânica é menos pronunciada à medida que as anomalias tornam-se mais jovens e mais distantes do continente. A RFZ comportouse como uma barreira topográfica, que impediu que parte dos sedimentos do continente e plataforma atingissem a parte norte da cadeia. Falhas normais formam a borda da plataforma continental e as bordas de cadeias e montes submarinos e atingem as camadas mais altas, indicando que há reativação neotectônica. A orientação e a geometria da RFZ moldaram a geometria atual da margem brasileira, caracterizada por setores de trend E-W e NW-SE, e a evolução das bacias Pará-Maranhão, Ceará e, principalmente, Barreirinhas.