INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS EM PACIENTES EM HEMODIÁLISE: UM ESTUDO TRANSVERSAL MULTICÊNTRICO
Interações Medicamentosas, Hemodiálise, Cuidados Farmacêuticos
Introdução: A Doença Renal Crônica corresponde a um agravo prevalente que, em estágios avançados, torna necessária a utilização de uma terapia renal substitutiva, sendo comum a hemodiálise. O paciente em terapia hemodialítica utiliza uma farmacoterapia complexa em virtude do aparecimento de comorbidades, de modo a facilitar a ocorrência de problemas relacionados a medicamentos, sendo um dos principais as interações medicamentosas. Objetivo: Avaliar a prevalência de interações medicamentosas em pacientes com doença renal crônica estágio 5D em hemodiálise ambulatorial. Metodologia: Estudo transversal, prospectivo e multicêntrico, conduzido em pacientes com doença renal crônica em hemodiálise ambulatorial, atendidos em 13 centros de saúde localizados em 3 capitais do Nordeste brasileiro, entre agosto de 2019 a julho de 2021. Os dados foram coletados através de entrevista, as interações foram analisadas utilizando a plataforma UpToDate Lexidrug® e o programa Stata® versão 15 para a análise de dados. Resultados: Participaram do estudo 1.114 pacientes, em sua maioria, hipertensos (47,5%) e uma idade média de 48,2 anos. Foram identificados 328 tipos de medicamentos nas listas de medicamentos, sendo mais frequente o sevelamer (750; 67,3%), com uma média de 5,36 (± 2,66) medicamentos por paciente. Entre os 1.114 pacientes incluídos, 496 (44,5%) apresentaram risco de pelo menos uma interação medicamentosa potencial. Conforme a classificação de risco, 792 (81,82%) foram risco C. Encontramos 297 pares de interação, sendo a mais frequente entre calcitriol e sevelamer (144; 14,87%). Através de modelagem uni e multivariada (logística e linear de efeitos mistos), encontramos correlação significativa entre interações medicamentosas e polifarmácia (OR = 7.98; p < 0.001), idade (OR = 1.01 ; p = 0.025), diabetes (OR = 1.55; p = 0.012) e lúpus (OR = 2.73 p = 0.008). Conclusão: O presente estudo sugere uma alta prevalência de potenciais IMs em pacientes em HD, estando associadas à polifarmácia, ao avanço da idade e a presença de diabetes e lúpus. Sugerimos que a deprescrição de medicamentos nesse público é fundamental, especialmente dos análogos de vitamina D, que estão implicados em boa parte das interações potenciais encontradas e não apresentam evidência clínica robusta de benefício para pacientes em DRC em HD.