LIBERAÇÃO DE FÓSFORO DA INTERFACE ÁGUA-SEDIMENTO E OS EFEITOS DA VARIAÇÃO DE VOLUME, RESSUSPENSÃO E DIFUSÃO: UM ESTUDO EM ESCALA EXPERIMENTAL
Eutrofização; fertilização interna; seca; fluxos de nutrientes; gradiente de concentração; flutuação de nível.
Concentrações elevadas de nutrientes, principalmente o fósforo resultam na eutrofização de mananciais de águas continentais. Sendo o sedimento a fonte interna de nutrientes em reservatórios, visto que, o fósforo acumulado no sedimento pode ser liberado, devido a fertilização interna em lagos rasos. A região semiárida tropical do Brasil apresenta precipitação reduzida e altas temperaturas, condições que resultam em elevada evaporação e flutuações do nível d’água de reservatórios utilizados para abastecimento. Assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar, em escala experimental, como as variações de volume com águas eutrofizadas de reservatório do semiárido tropical afetam os processos de ressuspensão pelo vento e difusão molecular, e por sua vez como influencia na liberação de fósforo do sedimento para a coluna d’água. Desse modo foi realizado um experimento em microcosmos, com água do reservatório Dourado e água deionizada simulando a interface sedimento-água dos reservatórios. Dessa forma, foi possivel a quantificação do fósforo liberado do sedimento para a coluna d’água, por alíquotas coletadas e analisadas. Com base nas concentrações de fósforo reativo solúvel e o fósforo dissolvido total na água dos microcosmos, foi possível calcular a taxa de liberação de P do sedimento para a coluna d’água. Os valores das taxas de liberação de fósforo reativo solúvel nos microcosmos com volumes maiores variaram de (0,15 – 0,22 mg.m-2.dia-1) e volumes menores (0,01 – 0,04 mg.m-2.dia-1) com água do reservatório Dourado. Enquanto, o fósforo dissolvido total nos microcosmos com volumes maiores variaram de (0,79 – 1,05 mg.m-2.dia-1) e nos microcosmos com volumes menores (0,16 – 0,28 mg.m-2.dia-1) com a água do reservatório Dourado. Os valores das taxas de liberação de fósforo reativo solúvel variaram nos microcosmos com volumes maiores (0,09 – 0,61 mg.m-2.dia-1) e volumes menores (0,05 – 0,18 mg.m-2.dia-1) com água deionizada. Enquanto, as taxas de liberação de fósforo dissolvido total nos microcosmos com volumes maiores variaram de (0,93 – 1,31 mg.m-2.dia-1) e nos microcosmos com volumes menores (0,23 – 0,26 mg.m-2.dia-1) com água deionizada. A partir dos resultados foi encontrado que, a liberação de fósforo em água deionizada foi maior que em água do reservatório. Além de que, a maior liberação de fósforo ocorreu nos microcosmos com volumes maiores. Este estudo confirmou que através da difusão molecular, o fluxo ocorre do gradiente contendo maiores concentrações de fósforo como o sedimento, para a água sobrejacente sem fósforo, como a água deionizada. Além disso, quando o reservatório está com volumes altos, o acúmulo de nutrientes nos sedimentos podem liberar fósforo por diferença de concentração. Assim, a liberação de fósforo do sedimento contribui para elevar as concentrações de P na água, quando o reservatório está com seu volume alto, sendo suficiente para manter o estado eutrófico nos reservatórios.