Metodologia para Avaliação de Cinemática de Partículas Gasosas em Fluidos de Viscosidade Variável com o Tempo e sua Aplicação na Construção de Poços de Petróleo.
Construção de poços. Migração de gás. Reologia de fluidos.
Muitos desafios têm sido apresentados na construção de poços, dentre eles o de evitar o influxo de fluidos durante a perfuração e cimentação. Quando o fluido é um gás, o fenômeno se torna potencialmente perigoso visto que ele pode migrar até a superfície, causando a pressurização do anular com possibilidade de conduzir a um blowout (fluxo descontrolado de fluidos) com resultados catastróficos e possível perda do poço. A perfuração de um poço envolve a avaliação de diversos parâmetros: definição da massa específica dos fluidos, do topo de cimento a ser atingido, da eficiência de deslocamento otimizada em função das hierarquias de densidade e perda de fricção, do projeto da pasta de cimento e colchões lavadores e espaçadores, da centralização da tubulação, dentre outros. Entretanto, mesmo que todos esses parâmetros sejam controlados e otimizados ainda assim a migração de gás pode ocorrer, pois é resultante do desbalanço de pressões dentro do poço, quando a pressão da zona se torna maior que a do poço, e na cimentação isso ocorre durante o período de transição da pasta (de fluido para sólido). O desenvolvimento da força gel associada à perda de filtrado e encolhimento químico são os principais fatores que causam essa perda de pressão hidrostática. Nesse trabalho foi desenvolvida uma metodologia para avaliar a criticidade da migração de gás durante a perfuração e operações de cimentação de poços. Foi considerado o conceito da força gel associada a ensaios reológicos dinâmicos de viscosidade em função do tempo e foi desenvolvido um modelo mecanicista para obter a equação que avalia o deslocamento da bolha através dos fluidos enquanto eles gelificam. Para os fluidos de perfuração analisados verificou-se que é desejável que possuam uma gelificação rápida e não progressiva de forma a reduzir a migração de gás sem comprometer a janela operacional (diferença entre pressão de poros e fratura). Para as pastas analisadas verificou-se que a mais adequada é a que se mantém fluida por mais tempo abaixo do valor do gel crítico, mantendo a pressão hidrostática acima da pressão da zona de gás e ao atingir esse valor gelifique rapidamente, reduzindo a migração de gás. O modelo permite simular previamente as condições operacionais e propor mudanças no projeto da operação e dos fluidos de forma a obter a condição mais segura para a construção do poço.