CAPSAICINA TÓPICA E TERAPIA FOTOBIOMODULADORA NO TRATAMENTO DO ARDOR BUCAL: UM ENSAIO CLÍNICO RANDOMIZADO
síndrome da ardência bucal; tratamento; fotobiomodulação, capsaicina
Introdução: O ardor bucal é caracterizado por uma sensação de desconforto crônico na cavidade oral que pode ser de origem idiopática ou relacionada a fatores locais ou sistêmicos. Trata-se de um desafio constante na clínica odontológica, pois, embora existam diversas modalidades terapêuticas, ainda não há consenso definitivo sobre a mais eficaz. Objetivo: Avaliar a eficácia da Capsaicina Tópica (CT), da Terapia Fotobiomoduladora (TFBM) e da Terapia Combinada (CT+ TFBM) na redução dos sintomas do ardor bucal. Material e métodos: Trata-se de um ensaio clínico randomizado, composto por 22 pacientes com queixa de ardor bucal com ou sem alterações sistêmicas. Esses pacientes foram randomizados e distribuídos em três grupos de tratamento: CT (n = 7); TFBM, (n = 7); e terapia combinada (TFBM + CT) (n = 8). Cada tratamento foi realizado no período de 30 dias e possui follow-up também de 30 dias. Foram coletados dados clínicos, sociodemográficos e o nível do ardor foi registrado através da Escala Visual Analógica (EVA) em quatro momentos (T0 – antes do tratamento/baseline; T1– 15 dias após o início do tratamento; T2 – ao final do tratamento (30 dias após o início do tratamento); T3 – 30 dias após o término do tratamento). O fluxo salivar foi coletado em dois momentos (T0 e T2) através de sialometria não estimulada. As análises estatísticas foram realizadas no SPSS (v.20.0). Considerando a não normalidade e o tamanho amostral, foram aplicados testes não paramétricos: Exato de Fisher, Friedman, Wilcoxon Signed-Rank e Kruskal-Wallis, com nível de significância de 5%. Resultados: A maioria dos pacientes era do sexo feminino, acima dos 50 anos, no período pós menopausa. Hipertensão arterial sistêmica foi a alteração sistêmica mais frequente. A maioria dos pacientes fazia uso de medicamentos, sendo anti-hipertensivos os mais frequentes. Queimação e ardor foram os sintomas mais relatados. Houve uma redução estatisticamente significativa (p < 0,0001) na intensidade dos sintomas (EVA) ao longo do tempo nos três grupos de intervenção, entre o início do tratamento (T0) e o final do acompanhamento (T3), e o grupo da terapia combinada demonstrou essa melhora já ao comparar os valores em T2 (final do tratamento) com T0. Não houve diferença estatisticamente significativa na pontuação EVA na comparação intergrupo e delta. A taxa de resposta clínica foi acima de 85% nos três tipos de intervenção, considerada excelente. Não houve diferenças estatisticamente significativas no fluxo salivar entre o início e o fim acompanhamento nem na comparação intergrupo, quanto intragrupos no mesmo tempo. Considerações finais: As três terapias foram similarmente eficazes na redução da sintomatologia dolorosa. A CT se destaca por ser mais acessível economicamente e por ter orientações de uso mais simples, o que pode favorecer a adesão e a continuidade do tratamento. Apesar da redução significativa da dor, não se observou impacto das terapias sobre o fluxo salivar, indicando ausência de alterações mensuráveis na função secretora das glândulas salivares.