SIMULAÇÃO DA TEIA TRÓFICA DE UM RESERVATÓRIO NO SEMIÁRIDO EM CENÁRIOS DE ALTERAÇÕES DE NUTRIENTES E ESFORÇO PESQUEIRO
Teia trófica. Ecopath. Modelagem ecológica. Abordagem ecossistêmica.
Reservatórios são ecossistemas aquáticos que têm papéis importantes para as populações humanas devido aos seus usos múltiplos. Em regiões tropicais semiáridas, onde a escassez de água é uma constante, esses ecossistemas são ainda mais requisitados e, portanto estão sujeitos a diversos tipos de perturbações antrópicas como pesca, poluição mas principalmente abastecimento de cidades e dessedentação animal. Além disso, ocorrem as alterações naturais provocadas pelo próprio clima da região como aumento da temperatura e longos períodos de estiagem. Essas perturbações levam a alterações da estrutura e funcionamento destes ambientes, podendo causar degradação ambiental e deterioração da qualidade da água. O entendimento das teias tróficas nos ambientes aquáticos de clima semi-árido pode auxiliar nas decisões de manejo que visem à melhoria da qualidade de água dos reservatórios dessa região. O objetivo deste trabalho foi quantificar a teia trófica de um pequeno reservatório no semiárido brasileiro à fim de descrever os mecanismos (drivers) principais que atuam na estrutura e dinâmica deste ecossistema. Para isso, utilizamos o software Ecopath with Ecosim para quantificar a teia trófica do reservatório localizado na Estação Ecológica do Seridó (ESEC) na região semiárida do Nordeste brasileiro. Nós fizemos três modelos com o mesmo conjunto de dados (maio de 2012 a abril de 2014): um modelo anual e dois modelos mensais com algumas diferenças entre eles. Simulações temporais foram realizadas nos dois modelos mensais a fim de mimetizar a dinâmica de nutrientes e plâncton. As simulações foram testadas com duas variáveis forçantes (fósforo e radiação) e sob diferentes cenários de impactos (alteração na carga de nutrientes e remoção de peixes). Os resultados da modelagem indicaram que o reservatório da ESEC é um ecossistema cuja maior parte da energia vem da cadeia de detritos, com alta produtividade primária, de baixa resiliência e que apesar de as espécies-chave serem predadores de topo, estas parecem não influenciar muito a dinâmica do plâncton, mostrando uma dinâmica de controle ascendente (bottom-up) e corroborando com os resultados de um experimento de biomanipulação realizado no reservatório na mesma época da coleta de dados.