APLICAÇÃO DE GRÂNULOS DE CORTIÇA COMO BARREIRA REATIVA PERMEÁVEL NA REMEDIAÇÃO ELETROCINÉTICA DE SOLOS
Remediação eletrocinética, barreira reativa permeável, grânulos de cortiça, metais pesados, compostos orgânicos.
Levando-se em consideração o problema ambiental relacionado à contaminação de solos por compostos orgânicos e inorgânicos, que é causada pelo descarte inadequado de efluentes e resíduos ou vazamentos acidentais provenientes das indústrias têxtil, alimentícia, agrícola e petrolífera, existe uma grande necessidade para que sejam desenvolvidas tecnologias as quais possam minimizar o impacto dessa poluição. Esta é uma questão ambiental séria, devido ao alto impacto negativo da contaminação desses compostos na qualidade dos reservatórios de água, o que impede o uso dessa água para consumo humano e a periculosidade de certas espécies químicas para os organismos que vivem no solo. Uma forma de reduzir esse efeito consiste em aplicar tecnologias de remediação no solo, as quais promovam a remoção desses contaminantes de maneira efetiva, de baixo custo e que também não acarrete em novos problemas ambientais. Visando cumprir esses objetivos, o presente estudo apresenta a tecnologia de remediação eletrocinética combinada com uma barreira permeável reativa, constituída de grânulos de cortiça, com a finalidade de avaliar a eficiência de adsorção de metais pesados e compostos orgânicos nessa barreira e, consequentemente, removê-los do solo e dos eletrólitos. Para aumentar a remoção dos poluentes, agentes quelantes e surfactante foram adicionados como eletrólitos. Para a remediação eletrocinética no solo contaminado com cromo hexavalente, a barreira utilizada foi composta por cortiça virgem e os eletrólitos foram: água destilada, ácido cítrico (1 M), cloreto de sódio (0,1 M) e água da torneira. Os resultados mostraram que uma alta eficiência de remoção de cromo total e hexavalente foi alcançada no teste EC-PRBa/AD-AD em que água destilada foi adicionada nas câmaras dos eletrodos e grânulos de cortiça colocados perto do ânodo (37,6 % de remoção), embora o ácido cítrico e o cloreto de sódio apresentem maior condutividade do que a água destilada. Em termos de redução, mais de 82% do Cr (VI) foi reduzido a Cr (III) apenas pelo contato com o solo, provavelmente devido à alta concentração de Fe2+ no solo (> 6000 mg kg-1). Esse comportamento foi potencializado pela presença de ácido cítrico, que baixou ainda mais o pH do solo. O teste em que o cloreto de sódio foi o eletrólito em ambos os compartimentos apresentou a menor taxa de remoção, provavelmente devido à diminuição na disponibilidade de seus íons pela formação de sais e bases com cátions presentes na matriz do solo. Para a remediação no solo contaminado com diesel, a barreira utilizada foi composta por cortiça negra e os eletrólitos aplicados foram: água da torneira, sulfato de sódio (0,05 M) e dodecil sulfato sódico (3,46 M). Os resultados mostraram que embora SDS e Na2SO4 consistam em soluções de lavagem mais adequadas do que a água da torneira devido a sua afinidade com o óleo e dissociam íons com maior capacidade condutiva, o teste em que a água da torneira era o eletrólito promoveu melhor taxa de remoção de diesel, chegando a 85,3%. No entanto, a aplicação de SDS e Na2SO4 também promoveu resultados satisfatórios (72,4%). Os objetivos do trabalho foram alcançados, uma vez que quase nenhum óleo diesel permaneceu nos eletrólitos após o tratamento e sua retirada do solo atingiu índices elevados.