Coronavírus-19 e saneamento básico: relações e impactos
CORONAVIRUS 19; PANDEMIA; SANEAMENTO BÁSICO; COMPLEXIDADE; CAUSA E EFEITO;
O novo coronavírus, o SARS-CoV-2, causador da COVID-19 se espalhou pelo mundo de forma rápida e devastadora. O primeiro caso foi diagnosticado em Wuhan, na China, desde então, a COVID-19 quase cinco milhões de vítimas fatais. Diante da crise de saúde pública e sanitária, órgãos competentes tentam prevenir e mitigar a disseminação da doença adotando e incentivando medidas comportamentais e ações de higiene para a população, principalmente higienização constante das mãos com água e sabão ou álcool 70°. A entrada do novo coronavírus no corpo humano é através das vias áreas superiores, a transmissão ocorre principalmente contato direto com infectados, gotículas expelidas e aerossóis suspensos. O indivíduo infectado pode apresentar sintomas leves, como tosse, febre, cansaço e diarréia, como também pode apresentar sintomas mais graves, como a síndrome respiratória aguda grave. A infecção atinge principalmente os órgão respiratórios, no entanto, pode atingir os rins, coração e o trato gastrointestinal.
Devido a infecção no trato gastrointestinal, o vírus pode ser excretado nas fezes e, consequentemente nas águas residuais. Partindo dessa premissa, diversos trabalhos foram desenvolvidos como forma de investigar a presença e persistência do RNA viral nas fezes de infectados, bem como nas águas residuais e água de abastecimento contaminada. Embora a transmissão fecal-oral do SARS-CoV-2 não tenha sido relatada, o RNA viral foi detectado em fezes e águas residuais, mas não se sabe ao certo se ele sobrevive por muito tempo no ambiente e quais variáveis influenciam na sua sobrevivência nesse meio. Além disso, ainda não existe técnica padronizada para sua detecção. Apesar das incertezas relacionadas ao SARS-COV-2, as doenças de veiculação hídrica já fazem parte da história da humanidade, os micróbios patogénicos aquáticos são riscos para a saúde e, diversos vírus se incluem nesta classe. Pesquisas realizadas com outros Coronavírus identificaram que podem sobreviver na água e em água de esgoto não tratada. A evidência disponível sugere que a água contaminada com a água de esgoto seja uma rota potencial da transmissão oral fecal. Além disso, águas residuais brutas ou mesmo processadas são um sinal ambiental potencialmente importante para infecção por COVID-19 em humanos em uma comunidade. Nesse contexto, a pandemia da COVID-19 renovou a atenção para a importância de serviços seguros de água e saneamento na proteção da saúde humana. O acesso a água encanada e infraestrutura de saneamento provavelmente reduz a transmissão de SARS-CoV-2, facilitando a lavagem frequente das mãos e reduzindo o contato que os indivíduos têm com águas residuais, uma vez que, devido aos serviços inadequados a população fica vulnerável à transmissão de doenças infecciosas. Com este trabalho nos propomos a estabelecer aspectos teórico-científicos que nos permitam perceber os efeitos do saneamento básico na prevenção e no combate de pandemias causadas por vírus. Buscaremos ainda realizar construções teóricas que nos auxiliem a compreender o impacto das práticas humanas no desenvolvimento da pandemia, abordando medidas de enfrentamento de pandemias e sua ligação com o meio ambiente, no que diz respeito ao saneamento básico. Apresentaremos, igualmente, quadros históricos e regulatórios sobre práticas humanas adotadas no combate a esta e outras pandemias, mostrando objetivamente seus princípios e efeitos.