ABORDAGEM QUIMIOMÉTRICA E AVALIAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA, BIOATIVA E BIOLÓGICA IN VITRO DA ACEROLA (Malpighia emarginata) IN NATURA E LIOFILIZADA.
acerola, resíduo, liofilização, macrófagos, anti-inflamatório
O Brasil é um importante produtor de frutas tropicais. Dentre essas, destaca-se a acerola (Malpighia emarginata), reconhecida por seu alto teor de ácido ascórbico (AA), compostos fenólicos totais (CFT), carotenoides, antocianinas e considerável potencial antioxidante. Tendo em vista o valor bioativo e comercial dessa fruta, o presente trabalho objetivou avaliar a acerola em diferentes abordagens, que correspondem aos três capítulos da tese. Primeiramente, o estudo avaliou a fruta intacta quanto a sua composição de bioativos (AA, CFT) e atividade antioxidante, através do uso do infravermelho próximo (NIR) e aplicação de técnicas de análise quimiométricas. No segundo capítulo, a tecnica de liofilização foi aplicada ao resíduo e polpa da acerola de forma a comparar os produtos finais desidratados ao produto fresco, bem como acompanhar a estabilidade dos pós ao longo do armazenamento. No terceiro e último capítulo, a acerola liofilizada adquirida comercialmente foi avaliada e comparada com frutas selecionadas liofilizadas (camu-camu, maçã e abacaxi) no que diz respeito a análises biológicas. Esses ensaios in vitro incluíram caracterizar o perfil fitoquímico (AA, CFT, antocianinas, ácidos fenólicos e atividade antioxidante, por dois métodos de detecção: potencial redutor do ferro - FRAP e captura dos radicas do 2,2-difenil-1- picril-hidrazil - DPPH) das frutas e investigar a influência desses compostos na redução da produção das espécies reativas de oxigênio (ROS) e nitrogênio (óxido nítrico, NO) em células macrófagos RAW 264.7. Inicialmente, a toxicidade das amostras (método redução do brometo de 3-(4,5-dimetiltiazol-2yl)-2,5-difenil tetrazolium - MTT) para as células RAW 264.7 foi determinado. Feito isso, o poder anti-inflamatório dos extratos de acerola diante de enzimas e mediadores com atividade pró e anti-inflamatório (óxido nítrico sintase induzível – iNOS; cicloxigenase – COX2; interleucinas – IL1β e IL-6; fator de necrose tumoral - TNFα) foi avaliado, além de ensaio in vitro para investigar as propriedades de cicatrização dos extratos em células fibroblastos dérmico humano adulto (HDFa). Os resultados mostram que o modelo NIRS para determinação de ácido ascórbico em acerola intacta é uma alternativa analítica rápida e confiável para avaliar os teores de ácido ascórbico, fenólicos e poder antioxidante. Também ficou demonstrado que a liofilização produz pós de acerola com alta retenção de ácido ascórbico e que a preservação de compostos bioativos acontece de maneira mais efetiva em armazenamento refrigerado, tanto para ácido ascórbico quanto para antocianinas. Os resultados dos testes biológicos apontaram que os extratos de acerola, camu-camu, mação e abacaxi são capazes de reduzir a produção das espécies reativas de oxigênio (ROS) e apenas a acerola e o camu-camu reduziram a produção das espécies reativas de nitrogênio (NO). Os extratos dessas frutas também mostraram potencial anti-inflamatório (IL-1β e IL-6), sendo a acerola a única capaz de reduzir a expressão da enzima COX-2 e das interleucinas (IL1β e IL6). A acerola também foi capaz de acelerar o processo de cicatrização, tendo como base os resultados in vitro obtidos em celulas tipo HDFa, que mostram a capacidade das células da pele em se regenerar após sofrer lesão. O elevado teor de ácido ascórbico nessa fruta parece exercer importante papel nos efeitos biológicos demonstrados. Com isso, conclui-se que a acerola apresenta potencial bioativo e biológico in vitro, que pode ser explorado como ingredientes em alimentos e formulações farmacêuticas com efeitos benéficos a saúde.