Mensurar recursos energéticos é de grande importância estratégica para qualquer país. Fatores incluem a dinâmica do crescimento social e econômica das regiões, impactos de novas tecnologias, fatores ambientais, decisões estratégicas em importações e exportações de recursos energéticos, etc. Não há como pensar desenvolvimento industrial, ou das cidades, em longo prazo, sem planejar as demandas e os recursos energéticos para as mesmas. 

Há cerca de 30 anos o Brasil produz o Balanço Energético Nacional (BEN), documento que mapeia informações como fontes primárias e secundárias, consumo pelos principais setores, perdas, transformações, etc. Porém, dada a dificuldade de obtenção dos dados e seu processamento, muitas das informações são estimadas. Atualmente a responsabilidade do BEN é da EPE – Empresa de Pesquisas Energéticas, ligada ao Ministério de Minas e Energia (MME). Alguns estados como São Paulo e Rio Grande do Sul produzem, anualmente, balanços energéticos estaduais. Outros, como Ceará e Rio Grande do Norte, já o fizeram no passado. Porém, devido a fatores diversos, descontinuaram sua publicação. 

Advoga-se neste estudo a importância dos estados em manter e atualizar dados energéticos e integrá-los à EPE em uma estrutura hierárquica, da base para a ponta da pirâmide (bottom-up). Esta estratégia permitiria resultados mais próximos da realidade. Porém, fatores como pessoal treinado e orçamento para pastas de infraestrutura ou de energia, em geral, limitam a consecução de tais estudos. 

Objetiva-se analisar as principais características do BEN e sua comparação metodológica, estrutural com balanços energéticos estatuais de alguns estados, prioritariamente no período recente (2005-2012). Em vários casos, há uma grande dificuldade em obtenção de dados e balanços. Em alguns estados, como Acre, apenas informações relativas à energia elétrica foram obtidas. Outros estados, como São Paulo e Rio Grande do Sul, criaram órgãos que, sejam ligados a companhias de energia ou a secretarias estaduais, atualizam e publicam, anualmente, os balanços estaduais. 

O Rio Grande do Norte fez seu último balanço energético (BERN) em 2006, referente a dados de 2005. Antes deste, o último registro data de 1982. Destaca-se, no BERN 2006 o grande consumo residencial e industrial da lenha. Este estudo abordará comparações específicas do BERN 2006 com o BEN 2006, referente a dados do RN, contrapondo ou concordando com alguns dados da EPE com os dados levantados na ocasião. Algumas atualizações de dados referentes a 2012 são lançadas e comparadas com o BEN 2012.