PAISAGENS DE (DES)MEMÓRIA: APAGAMENTOS E RESISTÊNCIAS NO LITORAL CENTRAL DE FORTALEZA
paisagem urbana; memória; resistência; territórios populares; patrimônio cultural.
Este trabalho investiga as transformações territoriais do litoral central de Fortaleza, avaliando os impactos do processo de difusão de modernizações sobre a paisagem urbana. Analisa-se a historicidade da formação e reconfiguração das áreas litorâneas dos bairros Centro, Praia de Iracema e Moura Brasil, tradicionalmente marcadas pela presença do primeiro porto e pelas "areias" da cidade – praias e dunas constituídas como territórios alternativos ao núcleo urbano normatizado e habitadas pelas camadas populares de Fortaleza. A pesquisa centra-se em faixas litorâneas já desaparecidas, seja em decorrência da erosão costeira ou da reconfiguração socioespacial: a Praia Formosa, atravessada pelos trilhos do ramal ferroviário da Alfândega e pelo assentamento do Arraial Moura Brasil, e a Praia do Peixe, antigo reduto do ofício e da moradia de pescadores – ambas inseridas nas dinâmicas da antiga área portuária da cidade. O recorte temporal inicia-se em 1863, com o Plano de Expansão Urbana, considerado um marco na mudança da estrutura urbana e no controle da cidade, e avança até a análise das recentes transformações urbanas em curso. O objetivo central consiste em compreender os processos de apagamento e resistência de formas representativas do passado na paisagem urbana do litoral central de Fortaleza, construindo uma travessia temporal que percorra os caminhos do presente ao passado e do presente ao futuro, projetando cenários diante das pressões contemporâneas e das possibilidades de permanência de territórios populares e do patrimônio cultural. A metodologia emprega o método regressivo-progressivo de Henri Lefebvre, combinando referencial teórico-conceitual, observação incorporada em campo, pesquisa documental e produção cartográfica.