Tessitura de uma arquitetura esparsa: localidades litorâneas enquanto economias de movimento
ocupação esparsa; economias de movimento; localidades litorâneas; configuração espacial; Sintaxe do Espaço.
Esta tese é uma investigação da relação entre disposição esparsa da ocupação edilícia e o conceito de movimento natural como “a proporção do movimento [...] determinada pela estrutura da malha urbana em si, e não pela presença de atratores ou magnetos específicos” (Hillier, 1996b, p.120). Abrange cerca de 160 localidades distribuídas em 25 municípios — as sedes de João Pessoa-PB e Natal-RN junto com suas conurbações, e todas as localidades e municípios costeiros ou atravessados pela rodovia federal BR-101 entre essas duas capitais. A ampliação do recorte de observação para além das bordas das localidades contribui para a avaliação dos efeitos de atração e afugentamento de atividades humanas numa rede de localidades, considerando as possibilidades de movimentação. Também aborda como a configuração viária favorece ou restringe possibilidades de rotas, incluindo aquelas que transcendem as localidades e o recorte regional, levando em conta a confluência de fluxos internacionais com fluxos locais de pessoas, bens e mercadorias, em processo de tessitura desde o período colonial até o turismo contemporâneo. A Análise da Sintaxe do Espaço (Hillier; Hanson, 1984) foi aplicada à malha viária do recorte para construir um modelo de análise da configuração viária. O intuito de aferir as relações entre as variações de potencial de movimento geradas pela configuração viária e os padrões de disposição das localidades no espaço levou a uma concepção ampliada de cidades enquanto economias de movimento (Hillier, 1996a), na qual são reconhecidos padrões de distribuição de localidades associados ao potencial de alcance dos segmentos constituintes da malha viária e avaliadas confluências entre destinos e caminhos interligando as localidades. Os resultados revelam associações e eventuais disparidades entre os padrões de movimento na malha viária e a distribuição edilícia. Identificou-se uma ligação entre potencial de movimento e disposição das localidades, particularmente quando distintos alcances máximos das rotas foram considerados. A configuração espacial espelha uma diferenciação e complementaridade na articulação entre localidades: uma estrutura de acessos capitais-mar (conectando localidades maiores, com maior esparsamento) complementada por acessos vicinais privilegiando a interligação de pequenas localidades.