A FERROVIA E A OCUPAÇÃO FÍSICA ESPACIAL DE TERESINA (NORDESTE/BRASIL) ENTRE 1929 E 2000.
Modernização das Cidades. Sistemas de Transportes. Expansão Urbano.
A ferrovia, que marcou a história da cidade de Teresina desde a década de 1920, apresenta-se como uma cisão na forma urbana e cria descontinuidades introduzindo modificação na malha urbana originalmente planejada, separa as áreas ao norte da via das áreas consolidadas do centro e provoca um direcionamento na configuração da ocupação física da cidade no sentido sudeste. Como a introdução de inovações técnicas e a materialização do traçado da ferrovia interferiram na configuração e contornos do crescimento físico de Teresina? As décadas de 1930 a 1950 assinalaram uma intensa operação do sistema ferroviário no transporte interurbano de pessoas e mercadorias. Entre 1950 e 1970, evidencia-se a concorrência do transporte rodoviário ao sistema ferroviário, culminando com o encerramento das atividades de transporte interurbano de passageiros nos anos 1970, mantendo-se o transporte de mercadorias. Em 1977 realizaram-se obras para corrigir conflitos entre a estrada de ferro e a malha urbana, quando se transferiu o pátio de manobras e oficina, da área da Estação Ferroviária no Centro para uma área rural na fazenda São Raimundo. Na década de 1990, executaram-se obras de adequação da via férrea existente para a implantação do transporte intraurbano de passageiros, o “Pré-Metrô”. Seguramente a implantação da ferrovia interferiu no sentido de criar conexões e desconexões na natureza da ocupação do espaço urbano no entorno da via férrea. E a modernização provocada pelas operações do sistema ferroviário resultou em uma expansão progressiva da ocupação física espacial da cidade. A existência de uma estrada de ferro inserida no tecido urbano da cidade propiciou a implantação do sistema de transporte intraurbano do Pré-Metrô. Tem-se como objeto de estudo a relação entre a modernização das redes de circulação sobre trilhos e a transformação ocorrida na morfologia urbano da cidade. Assim, o objetivo principal é compreender as repercussões e implicações do processo histórico de implantação da via férrea na estruturação do desenho físico e socioespacial da cidade. Parte-se de um recorte temporal compreendido entre 1929 e 2000, período de construção, instalação e operação do sistema ferroviário no trecho que corta a malha urbana da cidade, para fazer a análise dos processos históricos da urbanização e da ocupação física e territorial de Teresina. A discussão dar-se em torno do arcabouço metodológico da abordagem histórico-geográfica da morfologia urbana para evidenciar em representações do espaço, traçados físicos e padrões as transformações espaciais ao longo da história urbana da cidade. Sustenta-se na análise comparativa de dados obtidos em observações diretas com registro de percepções; na consulta de textos, documentos e arquivos históricos; e no mapeamento de informações e dados iconográficos (mapas, fotografias, desenhos e imagens diversas). Busca-se, assim, compreender as novas territorialidades e ordenamentos territoriais por meio da construção de Mapas de Conflitos e da análise da morfologia urbana, com vistas a uma melhor compreensão do contexto das transformações espaciais da cidade. Conclui-se que o crescimento urbano de Teresina foi impulsionado por sua localização estratégica e acessível. A implantação da rede ferroviária assumiu papel central na expansão territorial e na modernização da cidade, tornando-se um eixo de desenvolvimento e crescimento do tecido urbano, desempenhando uma função socioeconômica significativa na região do Meio-Norte.