BARREIRAS PERCEBIDAS E CONTRAINDICAÇÕES PARA MOBILIZAÇÃO PRECOCE: ATITUDE E CONHECIMENTO DO PROFISSIONAL FISIOTERAPEUTA NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA
Palavras-chaves: Mobilização precoce, unidade de terapia intensiva, barreiras, contraindicações.
Introdução: Com o avanço tecnológico e científico do suporte avançado de vida e a consequente melhora na assistência à saúde, o paciente crítico é mantido por um período prolongado na unidade de terapia intensiva (UTI) e a mobilização deste precisa estar inserida no processo de cuidado. Apesar dos potenciais benefícios da mobilização precoce, sua efetiva realização não é amplamente realizada na UTI. Sua implementação perpassa por várias dificuldades e limitações que podem estar associadas à presença de algumas barreiras. Objetivos: Avaliar a atitude e o conhecimento do profissional fisioterapeuta acerca das barreiras e contraindicações da mobilização precoce (MP) na unidade de terapia intensiva. Material e Métodos: Foi realizado um estudo transversal descritivo envolvendo fisioterapeutas que atuam em UTI no Brasil. Eles responderam a um questionário contendo questões relacionadas ao perfil profissional, ao processo e estrutura de trabalho e ao conhecimento sobre mobilização precoce. Os testes de Mann-Whitney e de Kruskal-Wallis com pós-hoc de Dunn foram realizados para comparar as variáveis dependentes categóricas com as variáveis independentes quantitativas. A análise de qui-quadrado de independência avaliou a existência de associação das variáveis dependentes com as variáveis independentes categóricas. Modelos de regressões logísticas binária e multinomial foram obtidos para predição das variáveis dependentes. As análises foram executadas no software Statistical Package for Social Sciences (IBM, versão 24) e os resultados que apresentaram p<0,05 foram admitidos como estatisticamente significantes. Resultados: Participaram do estudo 227 fisioterapeutas, a maioria foi do gênero feminino (n=154, 67,8%), com média de idade de 33,5 ±6,8 anos e com tempo médio de atuação em UTI de 7,1 ±6 anos. Em relação à titulação acadêmica 77% tinham especialização na área de terapia intensiva (n=175) e 65,2% da amostra tiveram sua formação em instituição privada (n= 148). Quanto ao conhecimento sobre barreiras e contraindicações, 88,6% acertaram alguma ou mais barreiras e 78,4% acertaram todas as contraindicações. Em relação às atitudes dos profissionais sobre a estratégia de mobilização precoce, 92,1% dos fisioterapeutas acharam a MP uma estratégia muito importante, 77,9% responderam que a MP é realizada pela equipe de fisioterapia, 52,9% realizam a MP 2 vezes ao dia , 84,5% relataram que há uma boa comunicação entre a equipe de fisioterapia e 71,3% afirmaram boa comunicação entre a equipe multiprofissional e, por fim, 48,7% confirmaram a existência de reuniões e capacitações entre a equipe de fisioterapia e 49,6% relataram também reuniões e capacitações entre a equipe multiprofissional. Conclusão: O conhecimento sobre uma intervenção é influenciado por fatores como formação profissional, região de atuação, características culturais e estrutura do local de trabalho. Fisioterapeutas brasileiros formados em instituições privadas, sem mestrado, com boa comunicação entre a equipe, realizando mobilização precoce duas vezes ao dia, no mínimo, conseguem reconhecer melhor as barreiras e contraindicações para a realização da mobilização precoce. A compreensão desses fatores é fundamental para que estratégias sejam adotadas tanto por profissionais quanto por gestores hospitalares para que os pacientes sejam assistidos por profissionais cada vez mais qualificados.