EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA NA ESCOLA PÚBLICA: UMA AUTONARRATIVA DOCENTE NO ENSINO FUNDAMENTAL II EM NATAL/RN
Educação Física escolar; inclusão; prática docente; planejamento pedagógico; narrativa autobiográfica.
Apesar dos avanços legais e políticos em prol da inclusão escolar, as práticas pedagógicas ainda enfrentam desafios significativos, especialmente nas aulas de Educação Física, historicamente marcadas por lógicas de rendimento, normatização corporal e exclusão velada. Esta pesquisa, de natureza qualitativa, adota a abordagem autonarrativa com o objetivo de analisar criticamente a experiência de planejamento e condução de aulas inclusivas no Ensino Fundamental II, em uma escola pública da zona norte de Natal/RN. A partir da minha trajetória como professor-pesquisador, busquei compreender, narrar e refletir sobre os percursos, tensões e possibilidades vivenciadas na construção de uma prática pedagógica mais acessível, participativa e sensível à diversidade. Os dados foram produzidos ao longo de trinta semanas letivas, por meio de registros reflexivos, planos de aula adaptados e observações do cotidiano escolar. As estratégias desenvolvidas fundamentaram-se nos princípios do Desenho Universal para a Aprendizagem (DUA), na pedagogia crítica freiriana e em referenciais da Educação Inclusiva e da Educação Física escolar crítica. As adaptações buscaram ampliar as possibilidades de participação de todos os estudantes, respeitando suas singularidades e promovendo o engajamento coletivo. Ao longo do processo, observaram-se transformações significativas no ambiente pedagógico, com maior cooperação entre os estudantes, valorização da diferença e fortalecimento de vínculos formativos. Como produto educacional resultante, foi elaborado o caderno didático Planejar para Incluir: Guia Prático de Educação Física Inclusiva no Ensino Fundamental II, validado por especialistas e construído com base nas vivências da pesquisa. O material oferece subsídios teórico-práticos para professores que desejam qualificar suas práticas com intencionalidade ética e compromisso com a equidade. A experiência analisada demonstra que, mesmo diante de limitações estruturais, é possível transformar a Educação Física escolar em um espaço de pertencimento, escuta e dignidade, desde que o professor se posicione com criticidade e abertura à diversidade humana.