Projeto Pedagógico do Curso

O egresso do Curso de Graduação em Gestão de Sistemas e Serviços de Saúde é portador de diploma legal de bacharel, tendo uma formação generalista que inclui conhecimentos e práticas do campo da saúde, especialmente da Saúde Coletiva, articuladas com as Ciências Humanas e a Administração. Nestes termos, toda a estrutura curricular deste curso tem como perspectiva um perfil profissional que possibilite aos seus egressos:

 Ter uma visão de mundo historicamente contextualizada que permite uma compreensão da gestão e da saúde em suas dimensões política, econômica e cultural e campo especifico onde sujeitos individuais e coletivos diversos podem estruturar mudanças.

 Ser um gestor da saúde generalista de forma que as competências adquiridas lhe permitam atuar de forma reflexiva, propositiva e eficiente nos diversos níveis de gestão do sistema e dos serviços de saúde;

 Ter capacidade de exercer liderança e de realizar articulação e negociaçao politica, para atuar em ambientes de incertezas, pleno de interesses diversos e constantes transformações como são as organizações de saúde;

 Reconhecer a saúde como direito e ter compromisso social e ético com a saúde da população e com a qualidade dos serviços que lhe são prestados;

 Atuar de forma a garantir a integralidade entendida como conjunto articulado e contínuo de ações e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis de complexidade do sistema;

 Utilizar adequadamente os conhecimentos e instrumentos de gestão disponíveis, de forma eficiente e criativa, para atuar no planejamento, organização e gerenciamento dos processos de trabalho das instituições de saúde, envolvendo a área de gestão de recursos humanos, materiais/equipamentos, financeira, orçamentária e de informação;

O profissional formado pelo Curso de Gestão em Sistemas e Serviços de Saúde da UFRN deverá ter competências e habilidades que atendam às exigências da legislação em saúde e às necessidades de saúde dos indivíduos e da coletividade no contexto da sociedade brasileira contemporânea, tendo como competências gerais o exercício de práticas ético-humanistas, políticas, técnicas e de auto-desenvolvimento, voltadas para a atenção à saúde, a tomada de decisões, a comunicação, a liderança, a administração e o gerenciamento e a educação permanente. Neste sentido, as habilidades e competências gerais deste profissional podem ser agrupadas:

 Atenção à saúde: enquanto profissionais de saúde, os gestores de sistemas e serviços de saúde devem estar aptos a contribuir para o desenvolvimento de ações de prevenção, promoção, proteção e reabilitação da saúde, tanto em nível individual quanto coletivo. Estes profissionais devem assegurar que as práticas de saúde sejam realizadas de forma integrada e contínua entre as instâncias do sistema de saúde, sendo capazes de pensar criticamente, analisar os determinantes dos problemas de saúde das populações e buscar soluções para os mesmos. Devem também saber atuar em serviços de diferentes composições tecnológicas e em permanente transformação e realizar suas atividades dentro dos mais altos padrões de qualidade e dos princípios da ética/bioética, levando em conta que a responsabilidade da atenção à saúde não se encerra com o ato técnico, mas que envolve um compromisso com a resolução dos problemas de saúde e a melhoria da qualidade de vida da população;

 Tomada de decisões: o trabalho dos gestores de sistemas e serviços de saúde deve estar fundamentado na capacidade de tomar decisões visando o uso apropriado, assim como a eficácia e o custo-efetividade da força de trabalho, de medicamentos, de equipamentos, de procedimentos e de práticas de saúde. Para este fim, os mesmos devem possuir competências e habilidades para avaliar, sistematizar e decidir sobre as condutas mais adequadas, baseadas em evidências científicas;

Comunicação: os gestores de sistemas e serviços de saúde devem ser acessíveis e manter a confidencialidade das informações a eles confiadas, na interação com outros profissionais de saúde e o público em geral. A comunicação envolve os componentes verbal e não-verbal da linguagem, além de habilidades de escrita e leitura, o domínio de, pelo menos, uma língua estrangeira e de tecnologias de comunicação e informação;

 Liderança: no trabalho em equipe multiprofissional, os gestores de sistemas e serviços de saúde deverão estar aptos a assumir posições de liderança, sempre tendo em vista o bem estar da comunidade. A liderança envolve compromisso, responsabilidade, empatia, habilidade para a tomada de decisões, comunicação e gerenciamento de forma eficiente, efetiva e eficaz;

 Administração e gerenciamento: os gestores de sistemas e serviços de saúde devem ser capazes de tomar iniciativas, gerenciar e administrar a força de trabalho, os recursos físicos, materiais, financeiros, tecnológicos e de informação; manejar as informações em saúde, a partir de vários sistemas de informação, na perspectiva de definir prioridades para a gestão e formular políticas institucionais; fazer correlações entre o desempenho dos serviços e as políticas e programas implantados segundo o perfil epidemiológico e tecnológico dos serviços; compreender as políticas de recursos humanos, seus objetivos e abrangência, identificando a sua relação com o mundo do trabalho e implantar processos de integração do trabalhador à estrutura organizacional que fortaleçam a responsabilização com a missão e os processos institucionais, bem como assegurem os direitos e benefícios da relação trabalhista; conhecer e aplicar a legislação vigente na gestão em saúde; conhecer e utilizar os instrumentos de gestão no processo de trabalho em saúde nos diversos ambientes do sistema; difundir uma cultura de participação social na gestão como estratégia para garantir a transparência das decisões e a qualidade dos serviços de saúde.

 Educação permanente: os gestores de sistemas e serviços de saúde devem participar e incentivar processos de educação permanente voltados tanto para a sua formação e a sua prática, quanto para a dos demais profissionais da saúde. Desta forma, devem aprender a aprender e ter responsabilidade e compromisso com a sua educação e com a dos outros profissionais. Nestes termos, devem criar mecanismos para o desenvolvimento de relações de beneficio mútuo entre os atuais e os futuros profissionais dos serviços, estimulando e desenvolvendo a mobilidade acadêmico/profissional, a formação e a cooperação através de redes nacionais e internacionais de saúde.

Gerenciar com eficiência os recursos e os meios necessários ao funcionamento dos sistemas e serviços de saúde;  Identificar e mobilizar recursos institucionais necessários para responder às necessidades sociais de saúde e à operacionalização eficiente dos serviços de saúde;

 Exercitar o diálogo e a negociação no trabalho e implantar processos de integração do trabalhador de saúde à estrutura organizacional que fortaleçam a responsabilização com a missão e os processos institucionais, bem como assegurem os direitos e benefícios da relação trabalhista;

 Praticar a formulação e negociação de pactos de trabalho que fortaleçam os espaços locais, microrregionais e regionais do sistema de saúde;

 Propor a educação das equipes de saúde, dos agentes sociais e de parceiros interinstitucionais;

 Exercer a gestão de sistemas e subsistemas de saúde, a gestão e regulação de redes de atenção, e a gerência de serviços nos vários níveis do sistema;

 Atuar na perspectiva de uma prática de gestão que seja capaz de estabelecer interfaces, interações e intercomplementariedades diversas: entre níveis de governo, áreas e instituições, setores organizacionais, programas, ações e grupos de trabalho;

 Distinguir os diferentes tipos de auditoria, seus elementos e saber utilizá-los em sua prática de gestor;

 Analisar as relações entre as políticas públicas, a administração pública, as formas de prestação das atividades administrativas, a regulação pública e o terceiro setor;

 Identificar os pressupostos da arquitetura organizacional, compreender os modelos de organização e de gestão, traçar novos arranjos comprometidos com a gestão descentralizada e democrática e construir alternativas de organização e estratégias de mudança nos serviços de saúde;

 Conhecer e utilizar a gestão de material e equipamento e os diversos tipos de método de aquisição, armazenagem, distribuição, manutenção e controle de materiais e equipamentos como aspecto técnico importante para a racionalização dos gastos nos serviços de saúde;

 Identificar e analisar as principais questões das tecnologias empregadas na saúde, seus determinantes, efeitos, conseqüências e potencialidades para produzir eficácia na assistência, e melhoria na saúde da população.

Avaliar o desempenho das políticas, serviços, programas e ações de saúde;

 Identificar as ferramentas e técnicas para o processo de melhoria da qualidade, incluindo a implantação de sistemas de garantia da qualidade;  Observar, descrever e interpretar fundamentado no método científico e crítico as situações da realidade que concernem ao seu universo profissional;

 Compreender sua profissão e atuação de forma articulada ao contexto social e atuar com base na ética e compromisso social com os direitos de cidadania. 

Conhecer métodos e técnicas de investigação e elaboração de trabalhos acadêmicos e científicos;

 Praticar a arte da análise institucional;

As sociedades contemporâneas vêm atravessando aceleradas transformações (sócio-econômicas, políticas, culturais, científicas, tecnológicas, entre outras) que exigem dos processos educativos um investimento massivo na formação de cidadãos críticos, visando capacitá-los a reconhecer e lidar com problemas concretos da realidade, especialmente quando se trata de processos complexos como os que ocorrem no interior dos sistemas de saúde. Neste sentido, algumas interrogações podem ser delineadas tendo em vista a operacionalização do processo educativo que ora se desenha:

 Como superar as tradicionais práticas de transmissão do conhecimento, que transformam os alunos de graduação em agentes passivos do processo educacional?

 Como tornar possível uma formação científica sólida que possibilite aos alunos compreender os princípios fundamentais dos conteúdos e lhes estimule a seguir se atualizando ao longo de suas vidas?

 Quais são os processos e os meios adequados para responder às necessidades de se articular teoria e prática, desenvolvendo habilidades para a compreensão da realidade e para a resolução dos problemas que ela apresenta? Estas questões sugerem que uma nova perspectiva do processo ensinoaprendizagem, com a pretensão de criar condições adequadas para uma formação sólida e cientifica, exige uma profunda reformulação sobre como os currículos têm sido desenvolvidos na educação formal. Tendo estas perguntas como eixo orientador, as metodologias adotadas nos diversos módulos deste curso têm como referência uma concepção pedagógica baseada na indivisibilidade método-conteúdo, na coerência entre o método e a natureza do objeto de conhecimento em construção, e na apropriação da estrutura do conhecimento pelo ator da aprendizagem. Assim, através de metodologias ativas, constructivistas, baseadas na problematização ou na resolução de problemas, podemos refletir criticamente e, ao mesmo tempo, construir propostas de intervenção sobre a realidade. O processo de organização dos conhecimentos na estrutura curricular deste curso orienta-se por alguns princípios metodológicos estruturantes.

Princípios:

 Flexibilização – as diretrizes curriculares devem ser flexíveis, respondendo à diversidade das regiões e das instituições de ensino superior, assim como dos seus programas e das necessidades de suas clientelas. A materialização da autonomia universitária não pode ser alcançada sem romper com as amarras de uma formação rígida e verticalmente definida. Esta precisa ser construida a partir das necessidades e possibilidades locais de produção e difusão do conhecimento.  Interdisciplinaridade – o processo de produção do conhecimento exige a análise e a interpretação dos problemas de estudo a partir de suas múltiplas dimensões. A integração destas perspectivas se dá mediante o auxílio de conhecimentos e conteúdos do campo da saúde coletiva e de disciplinas científicas diversas que permitam captar a complexidade do problema, reconstruindo a unidade do objeto de estudo. Nestes termos, a formação teórico-prática integrada, fundada na interrelação de conhecimentos que contemplam os diferentes ângulos de observação do objeto-problema, constitui uma das bases metodológicas deste processo de formação do aluno.

 Dialógica – Esse princípio exige a ruptura com o paradigma tradicional da relação professor-aluno, onde o primeiro é visto como aquele que transmite conhecimentos, enquanto os alunos são receptáculos passivos do processo de aprendizagem. O processo de ensino-aprendizagem passa a ser fruto de um ambiente que favorece o diálogo franco entre docentes e discentes e a atitude ativa destes últimos na busca do conhecimento. O professor organiza o processo de ensino-aprendizado criando as condições para que o aluno aprenda a aprender, atribuindo sentido e significado aos conceitos, teorias e práticas com as quais de defronta na tentativa de solucionar problemas.

 Articulação entre Teoria e Prática: o diálogo permanente entre a teoria e a prática deve estar presente durante todo o curso, como um componente indispensável ao processo de construção dos conhecimentos. Não se trata de momentos separados, nem contraditórios (como muitas vezes são vistos), mas de aspectos complementares da realidade onde os futuros profissionais atuarão. O aspecto recursivo e contínuo da relação teoria-prática deve ser contemplado na metodologia do curso, de forma a ser percebido pelos alunos, que devem ser preparados para acompanhar o ritmo de produção dos conhecimentos e o desenvolvimento de tecnologias e inovações no seu campo de ação profissional. Assim, as unidades curriculares ao integrar a teoria à prática, deve sempre aproveitar as experiências dos alunos.

 Indissociabilidade do Ensino, Pesquisa e Extensão – um ensino que incorpora teoria e prática sem dissociá-las, da mesma forma que pretende que o aluno seja sujeito do processo de ensino-aprendizado e da produção do conhecimento, não pode prescindir da integração entre os três pilares da formação acadêmica: ensino, pesquisa e extensão. A articulação entre estes três componentes do processo de formação deve ser prevista desde o início do curso, assim como as possibilidades de participação dos alunos em bases de pesquisa e projetos de extensão. Acredita-se que as metodologias utilizadas, cujos pressupostos são a integração entre ensino, serviço e comunidade e a interação entre educação e trabalho, transcendem a simples transmissão de conhecimentos e se constituem num processo de criação e recriação do saber, necessário para instrumentalizar as práticas dos futuros gestores dos sistemas e serviços de saúde, isto é, sua atuação política e técnica, enquanto atores sociais. Este projeto, portanto, apresenta-se aberto às possibilidades de introdução de inovações, no sentido de formulações novas que sejam mais adequadas à atividade educacional voltada para o campo de ação do gestor da saúde, levando em conta a dinamicidade dos requisitos exigidos para a formação dos futuros profissionais, em constante mudança, na sociedade contemporânea. Neste contexto, é relevante o exame crítico e atento às necessidades de alteração de proposições, conceitos e idéias, da possibilidade de assumir novos comportamentos e atitudes, de empregar modernas tecnologias da educação para potencializar as situações de aprendizagem.

 Processo de Organização dos Conhecimentos na Estrutura Curricular O curso será organizado a partir de eixos estruturantes compostos por conteúdos que serão distribuidos em módulos integrados, aos quais se articulam algumas disciplinas e atividades, enquanto unidades de estruturação didático-pedagógica. A organização dos módulos e suas respectivas unidades curriculares obedecem aos princípios metodológicos mencionados, articulando conteúdos de diversas disciplinas científicas, assim como métodos e técnicas de ensino-aprendizagem múltiplos. Assim, a organização da estrutura curricular do curso se dá de forma integrada, promovendo uma interligação e complementaridade sincrônica entre as unidades do módulo com as disciplinas que serão realizadas no mesmo período e, diacrônica entre um módulo e um outro a ser realizado em período posterior.

Em cada módulo os conteúdos serão abordados através de exposições e debates que, além de contar com os professores do curso, contará também com a participação de convidados com experiência nos serviços de saúde; trabalhos em grupos; leitura de textos; recursos áudio visuais diversos; pesquisa de campo; estudo de casos e visitas aos serviços, entre outras possibilidades. Enfim, uma série de opções que deverão ser usadas tendo em vista a condução das operações mentais de desenvolvimento intelectual do aluno (visando a sua motivação articulada a uma aprendizagem significativa) e a adequação destas técnicas ao processo de ensino-aprendizagem.

A avaliação de projetos político-pedagógicos constitui uma atividade eminentemente complexa. Esta implica na formulação de um juízo de valor sobre o projeto que pretendemos avaliar, que pode estar em diferentes fases de sua estruturação (implantação, implementação, consolidação). A avaliação exige um processo contínuo e sistemático de monitoramento de informações sobre as condições do contexto e do processo de realização do projeto, incluindo suas diferentes dimensões: objetivos, perfil do egresso, habilidades e competências, estrutura curricular e flexibilização, métodos e recursos pedagógicos utilizados, corpos docente e discente, infra-estrutura, acervo bibliográfico. Nestes termos, tem como objetivo identificar como o projeto políticopedagógico está evoluindo, de forma a manter ou redimensionar o processo de ensino e aprendizagem.

Neste curso, a avaliação constitui um componente importante do processo de planejamento e execução de cada módulo integrante dos três eixos temáticos da sua estrutura curricular. Nestes termos, ela é vista como um processo dinâmico que envolve os três segmentos de atores envolvidos no curso: membros da coordenação, docentes e discentes. Para tal, criamos uma atividade complementar, realizada a cada módulo, os "espaços integrativos", onde estes diversos atores contarão com 30 horas para reuniões avaliativas. Nestes espaços de integração entre os diferentes atores do curso, serão confrontadas as suas diferentes visões e será estabelecido um processo contínuo de avaliação que envolve o estabelecimento de soluções negociadas para os problemas que surgirem, com vista ao melhor desenvolvimento do curso. Estes espaços integrativos permitem o estabelecimento de contratos de convivência, ao mesmo tempo em que podem ser construídos parâmetros de avaliação e a definição de métodos qualiquantitativos para avaliações pontuais, a serem realizadas com freqüência anual.

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