Este evento pretende propiciar e fomentar a experiência das produções cinematográficas de diretoras e diretores negros, encarando-as como forma de resistência e alternativa à historiografia e aos discursos de poder, como obras que podem dar lugar a uma abordagem inédita e permitir olhares renovados sobre a África, a diáspora e a negritude.
Dia 11 de Novembro
18h30 - Exibição do filme Xala, de Ousmane Sembène (Senegal, 1975)
20h30 - Comunicação: Ousmane Sembène no marco do Terceiro Cinema, por Anthunnys Kleyson da Silva
21h10 - Debate
Será discutida a obra do cineasta senegalês Ousmane Sembène, a partir de dois dos seus filmes, Xala e Ceddo. O período em que a África estava sob domínio colonial fez com se tornasse hegemônico nas representações, tanto literárias quanto cinematográficas, estereótipos sobre a África. Nosso foco é mostrar como o cinema africano surgiu e convergiu com os cinemas dos países subdesenvolvidos, ou melhor, do “Terceiro Mundo”, sendo reivindicado como Terceiro Cinema. Analisar os filmes e a trajetória de vida de Ousmane Sembène nos ajuda a refletir sobre o contexto histórico proporcionado pela descolonização da África nos anos 1960. Seu cinema assim como sua obra literária ajudou a refletir sobre os desafios econômicos, sociais e culturais da África, mais especificamente de Senegal.
Dia 12 de Novembro
18h30 - Exibição do filme Tempo de espera, de Moufida Tlatli (Tunísia, 2000)
20h30 - Comunicação: Moufida Tlatli - Medir os silêncios, levantar a voz, por Susana Guerra (DEHIS)
Resumo: O cinema de Moufida Tlatli é um convite a conhecer as margens do mundo em que vivemos, “o seu centro silencioso e silenciado” (Spivak). Não para ouvir o testemunho impossível de uma série de mulheres sob uma lei patriarcal férrea, mas para experimentar esse silêncio na sua materialidade concreta -isto é, menos como “condição de opressão universal” (Solnit), que como horizonte existencial e político de uma coletividade incapaz de falar por si mesma. Se os filmes de Moufida Tlatli nos continuam a parecer tão importantes, é porque o seu cinema nos oferece um exemplo ímpar de tudo aquilo que se coloca em questão ao trazer à luz essas mulheres que se encontram “duplamente na obscuridade”, sem diluir essa obscuridade numa claridade sem sombra, abrindo um espaço para ouvi-las sem obliterar o silêncio que sempre pesou -e ainda continua muitas vezes- a pesar sobre elas.
Público alvo:
Discentes de História, Letras, Artes; universitários em geral; público em geral; todos os interessados nas reflexões sobre como a população negra foi representada ao longo da história; interessados no cinema africano árabe e africano subsaariano e nas reflexões sobre as suas carreiras no marco da emergência do cinema africano; todos aqueles interessados em ampliar o debate fora dos temas e produções culturais hegemônicas; todos os interessados em contribuir para os debates sobre o alcance do cinema africano para uma aproximação à história da África, e o alcance do cinema feito por mulheres enquanto produtoras de imagens alternativas às representações do que é ser uma mulher; todos os interessados em debates presenciais fora das lógicas de comunicação das redes sociais.