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Notícias > Banca de DEFESA: PATRÍCIA FARIAS ROSAS RIBEIRO

Uma banca de DEFESA de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : PATRÍCIA FARIAS ROSAS RIBEIRO
DATA : 31/08/2017
HORA: 13:30
LOCAL: Sala de reuniões do Centro de Biociências
TÍTULO:

A Lontra Neotropical (Lontra longicaudis) no Nordeste brasileiro: distribuição geográfica e conservação


PALAVRAS-CHAVES:

Mustelidae; Lutrinae; Semiaquático;  Bacias hidrográficas; Caatinga; Ocorrência; Detecção; Conservação.

 


PÁGINAS: 80
RESUMO:

A distribuição geográfica de uma espécie é uma informação básica essencial para planejamentos de conservação. Esta informação, no entanto, muitas vezes é tendenciosa para algumas regiões ou grupos taxonômicos, de acordo com as facilidades de acesso e características da história natural. A Lontra longicaudis é uma espécie pouco estudada devido ao seu comportamento discreto e a consequente baixa detectabilidade na natureza. Essa situação é agravada na região Nordeste do Brasil, que por muito tempo foi considerada como uma lacuna nos seus mapas de distribuição. Este projeto teve o objetivo de entender como a L. longicaudis está distribuída no Nordeste brasileiro, uma das ações consideradas prioritárias para a sua conservação. Este foi o primeiro estudo com enfoque para a espécie na região, realizado através de uma amostragem padronizada em 17 bacias hidrográficas do Nordeste brasileiro ao Norte do Rio São Francisco, entre os estados de Alagoas e Piauí. Cada bacia hidrográfica foi amostrada em três trechos (alto, médio e baixo curso), sendo em cada trecho percorridos aproximadamente 5km, repetidos ao longo de 4 dias, em busca de indícios de presença da espécie. Isto resultou em um total 726 km, percorridos em 45 trechos de rio amostrados. No primeiro capítulo discutimos a ocorrência da L. longicaudis na Caatinga, bioma semiárido onde existia apenas um registro de ocorrência da espécie relatado na literatura, e que não tem sido considerado como parte da sua distribuição em planejamentos e estratégias de conservação. São apresentados registros históricos e atuais inéditos de ocorrência da L. longicaudis na caatinga, discutidos os fatores que podem estar influenciando sua ocorrência na região, e é proposta a atualização do mapa de distribuição da espécie, com base na confirmação de uma real lacuna na sua distribuição atual. No segundo capítulo nós analisamos os fatores ambientais, climáticos e antrópicos que influenciam no padrão de ocupação e uso do habitat da L. longicaudis nas bacias hidrográficas do Nordeste Brasileiro, utilizando modelos de ocupação e modelos lineares generalizados mistos. A probabilidade de detecção da L. longicaudis na região foi alta e negativamente influenciada pela ordem do rio. A sazonalidade da precipitação foi o principal fator determinante da ocupação da espécie na região, que se apresenta concentrada na subregião das bacias que drenam para o leste, onde a sazonalidade da precipitação é menor, corroborando a ausência previamente relatada da espécie nas bacias totalmente inseridas na Caatinga. Esta variável climática também foi importante para o uso do habitat pela espécie, mais intenso nas áreas com menor sazonalidade, relacionadas à Floresta Atlântica. A Floresta Atlântica nordestina é a porção menos conservada deste bioma. Nesta região as lontras utilizaram mais os rios com menor área de captação de água a montante, que correspondem a tributários menores, que podem oferecer melhores condições ambientais que os rios principais, funcionando como um refúgio para a espécie. Mesmo utilizando refúgios, a intensidade de uso do habitat foi negativamente correlacionada com a porcentagem de remanescentes naturais, uma consequência indireta do estado de degradação das áreas mais utilizadas pela espécie, o que coloca a L. longicaudis em um estado de alerta na região. Para entender como está estruturada a população de lontras do nordeste brasileiro e contribuir com a sua persistência a longo prazo, no terceiro capítulo nós analisamos a diversidade genética e fluxo gênico da espécie na região, através de DNA mitocondrial e da análise de cinco cenários alternativos de dispersão (dist. euclidiana, dist. bacias hidrográficas, alto custo de dispersão por terra, custo de dispersão por terra relacionado à distância ao rio, custo de dispersão por terra relacionado à declividade). Para isto foram analisadas 36 amostras não invasivas (fezes frescas e muco), provenientes de sete bacias hidrográficas. Destas, 17 amplificaram os três segmentos analisados e foram consideradas indivíduos distintos pela localização amostral e composição genética. Estes indivíduos são representativos de 7 haplótipos, dos quais 4 foram identificados pela primeira vez neste estudo. Estimativas de variabilidade genética indicam alta diversidade haplotípica, mas baixa variabilidade nucleotídica. A maior diferenciação genética foi observada em duas amostras do Piauí, geograficamente acima da área de Caatinga onde a ausência da espécie foi confirmada neste estudo, corroborando a existência de uma barreira climática por onde o fluxo gênico pode estar interrompido há mais tempo. Apesar de semiaquáticas, o cenário de dispersão mais correlacionado com a diferenciação genética entre os indivíduos amostrados foi o de alto custo de dispersão por terra, ressaltando grande dependência da espécie ao ambiente aquático. Análises do caminho de menor custo indicam o Rio São Francisco como uma importante rota de dispersão, conectando as bacias costeiras do nordeste brasileiro com as bacias localizadas ao norte da Caatinga, o que ressalta a importância de  conservação da bacia hidrográfica do Rio São Francisco.

 


MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 1678338 - ADRIAN ANTONIO GARDA
Interno - 1678202 - CARLOS ROBERTO SORENSEN DUTRA DA FONSECA
Externo à Instituição - DIEGO ASTÚA DE MORAES - UFPE
Externo à Instituição - RENATA PARDINI - USP
Interno - 1863735 - RENATA SANTORO DE SOUSA LIMA MOBLEY

Notícia cadastrada em 14/08/2017 14:43  
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