Até o final da década de 1970 prevalecia no Brasil a total invisibilidade dos povos indígenas, sustentada pela ideia de que esses povos iriam desaparecer, seja pela completa extinção seja por sua assimilação forçada à sociedade nacional, quando desapareceriam enquanto povos culturalmente distintos em um processo irremediável de “aculturação progressiva” (cf. Darcy Ribeiro em “Os índios e a civilização: a integração das populações indígenas no Brasil moderno”). Desconsiderados enquanto atores históricos, os povos indígenas eram vistos como vítimas de um processo histórico no qual só lhes cabia assistir o seu próprio fim de mundo. A tese da extinção apoiava-se na visão colonial quase unânime do pensamento brasileiro à época que concebia os povos indígenas como uma humanidade primitiva fadada a sucumbir com o avanço da “civilização”. Lado a lado com essas representações acerca do futuro dos povos indígenas no país, os militares promoviam um ataque brutal contra esses povos por meio de uma ampla política genocida e etnocida que visava acelerar e completar esse processo de extermínio (cf. Viveiros de Castro em “No Brasil todo mundo é índio, exceto quem não é”). No ápice desses acontecimentos, no final da década de 1970, os povos indígenas se levantaram, se organizaram e emergiram na cena política brasileira como protagonistas da sua história, lutando pelo seu reconhecimento e alcançando, na Constituição Federal de 1988, o seu direito à diferença, ao território e à existência (cf. Poliene Bicalho em sua tese de doutorado “Protagonismo Indígena no Brasil: Movimento, Cidadania e Direitos (1970 – 2009)”). Desde então, os povos indígenas vêm crescendo em termos demográficos e se tornando um dos atores políticos principais da cena política brasileira, tornando-se também o alvo central do capitalismo predatório e da política genocidaem curso desde a eleição, em 2018, do ex-militar expulso do Exército e defensor da tortura, Jair Bolsonaro. Tendo em vista essas questões, o objetivo dessa conferência é refletir sobre a emergência indígena no Brasil contemporâneo e sobre as questões que ela coloca ao debate político e intelectual no país.
Curso livre "Emergência indígena no Brasil contemporâneo"
Conferencista: Fátima Silveira (doutoranda em Sociologia na USP)
Data/hora: 27 de maio, 16h
Link para o evento: https://youtu.be/a3Y3JGA5AKo
Discentes, docentes e técnicos
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