Há duas décadas, a publicação Welcome to Cyberia: notes on the anthropology of cyberculture, de Arturo Escobar (1994), ecoou forte na antropologia. Nele, a biotecnologia e o uso generalizado de computadores com seus fluxos de informação digital eram compreendidos como importantes fatores de introdução de transformações na vida social contemporânea. Ainda que seja possível separar analiticamente esses dois conjuntos, Escobar (1994) vê na coincidência do seu auge atual a base do que chama de cibercultura. Nas suas palavras,
enquanto que as tecnologias da computação e da informação estão trazendo à discussão um regime de tecnossocialidade, considerado como um processo de construção sociocultural posto em ação no despertar das novas tecnologias, as biotecnologias estão dando lugar a biossocialidade - uma nova ordem para a produção da vida, da natureza e do corpo através de intervençõess tecnológicas fundamentadas na biologia (Escobar 1994: 214).
O seu trabalho apontava para uma agenda antropológica que articulava os estudos de ciência, tecnologia e sociedade com as análises críticas que vinham da tecnociência e da biopolítica, e já se questionava como se poderia estudar etnograficamente isso que se firmava como sendo a cibercultura. Para ele, ela seria uma fonte crucial de entendimento do mundo contemporâneo, cuja novidade atual teria suas origens na modernidade, como uma matriz social e cultural que moldou nossos discursos e práticas em torno das novas tecnologias.
Contudo, a Cyberia à brasileira não caminhava com as mesmas pretensões. Enquanto que Escobar (1994) desenhava a cibercultura numa semântica bastante elástica, por aqui o termo foi se estreitando e o amplo campo que ele designava a partir do trabalho de Escobar (1994) foi se dividindo em especializações que ficaram quase incomunicáveis: as suas pistas relacionadas ao trabalho de Michel Foucault e Paul Rabinow redundaram, de fato, na consolidação daquilo que ficou conhecido no Brasil como sendo a biossocialidade. A relação com Bruno Latour, os Science Studies e o que veio depois disso a ser conhecido como a Teoria Ator Rede, motivou a criação do campo da Antropologia da Ciência e da Técnica, enquanto que a cibercultura foi reduzida a um projeto articulado entre a comunicação, a sociologia e a antropologia; essa última, ainda que de maneira tímida, foi pioneira no desenvolvimento e consolidação de um campo denominado como antropologia do ciberespaço. Esse ponto, em particular, afeta diretamente o Grupo de Pesquisas em Ciberantropologia - o GrupCiber do PPGAS-UFSC com a vice-liderança sendo ocupada pelo PPGAS-UFRN, que teve um papel fundamental, sendo ele um dos primeiros esforços no país em se inscrever nessa agenda, ainda em 1997.
Ao longo dessas quase duas décadas, o horizonte do GrupCiber se define pela sistematização de políticas etnográficas que respondam pela cotidianização das novas tecnologias digitais e os seus desdobramentos em temas relacionados, como consumo, juventudo, mídia ou redes sociais na internet - mais geral ou englobaste da própria cibercultura. Inscritos na trajetória desse grupo é por meio da sua trajetória que será abordada aqui a relação entre cibercultura e antropologia. Notadamente, o objetivo desse trabalho será o de refletir sobre os efeitos do ciber na antropologia brasileira ou mais propriamente tratando, em problematizar o lugar que ocupa a cibercultura no escopo antropológico contemporâneo.
24 de setembro de 2015
14h - 17h
Reunião de Trabalho (interna)
Reunião com os pesquisadores envolvidos na proposta para a discussão de projetos de cooperação interinstitucional.
19h - 22h
Mesa Redonda "Processos Midiáticos, Juventude e Consumo".
Profa. Dra. Fernanda Guimarães Cruz (PPGAS-UFSC)
Profa. Dra. Eliane Tania Freitas (PPGAS-UFRN)
Prof. Dr. Juciano Lacerda (PPGEM-UFRN)
25 de setembro de 2015
9h - 12h
Mesa Redonda "Políticas Etnográficas no Campo da Cibercultura".
Prof. Dr. Theophilos Rifiotis (PPGAS-UFSC - Lider do GrupCiber)
Profa. Dra. Maria Elisa Máximo (Dep. Comunicação - Bom Jesus IELUSC)
Prof. Dr. Jean Segata (PPGAS-UFRN - Vice-líder do GrupCiber)
Discentes dos cursos de pós-graduação em Antropologia, Ciências Sociais e Comunicação. Discentes da graduação em Ciências Sociais.
Pesquisadores
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